terça-feira, setembro 29, 2009

Coisas engraçadas acontecem, que acordam em mim a vontade de escrever...
Anos se passaram desde meu último post... quase quatro...
Tempo suficiente para deixar um péssimo hábito e substituí-lo por outros tão ruins quanto.
Estou melhor? Não sei...
Talvez mais angustiado - talvez com a angústia mais perceptível...
O que serei agora? O tempo dirá...
Deixei de me relacionar com pessoas inexistentes, e agora me relaciono com quanse ninguém.
Mas o fato é que senti acordar algo que acreditava morto...
Acreditar um pouco no acaso - se de acaso você chama-lo...
Voltar a ver cores no mundo.
é isso... pelo menos por enquanto.

Então tá.... A partir de agora, sexo no primeiro encontro... depois disso, saberemos que tudo o que rolar será natural.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Eu ando pelo mundo observando coisas e pessoas, me interesso por tudo e não me prendo a nada.

O que hoje preenche minha vida, amanhã me fará oco.

Eu sigo sem nenhuma necessidade dos dias iguais, plenos de rotina.

Minha vida será tanto melhor quanto eu não saiba o que me guarda o amanhã.

Não tenho a natureza das plantas... Se me põem em um jardim e me cercam de cuidados, eu morrerei em pouco tempo...

Não me torno eternamente responsável por aquilo que cativo. Não acredito, na verdade, que alguém se torne cativo senão por sua própria vontade. Mesmo grilhões de aço não podem prender um espírito livre.

Se me olharem caminhando em minha estrada, terão a impressão de que eu caminho solitário e triste, que em meu peito não bate um coração.Esta é a impressão que terão os que me olharem de relance, e com eles não me importo.

Quem se aproximar verá que, na verdade, meu peito pulsa de vida. Tudo o que toco e tudo o que me toca permanece vivo nesta chama. Em meu peito não há amor que acabe, não há dia de verão que termine, não há lua que mingúe, não há ninguém que a morte leve...

Eu sou parte do mundo, eu não sou parte de nada.

Me tocam as pessoas que tem a capacidade de ver o mundo que existe dentro dos meus olhos...

Este mundo que começa a sair agora que começo a viver.

sexta-feira, julho 01, 2005

Eu Vivo parte do tempo no chamado Mundo Real, e parte em um que somente existe dentro da minha cabeça.

Com o tempo, tenho tentado passar menos tempo dentro de mim mesmo, e sair, mas, de alguma forma, meus esforços parecem não dar o resultado previsto, e eu acabo mesmo é cada vez estando menos naquele que vocês convencionaram chamar de mundo real.

Não que eu seja um escapista ou algo assim. Meu mundo interior não é povoado por elfos, duendes ou seres fofinhos – pelo menos não todo o tempo – por vezes ele se parece mais com o mundo daí de fora do que o próprio mundo de fora se parece consigo.

Em meu mundo há espaço para tudo. Mesmo para a tristeza, a dor e o desespero. Não é um mundo de felicidades ou de alegria eterna.

Às vezes eu controlo o que acontece no meu mundo. Às vezes meu mundo decide o que acontece comigo. Às vezes nada acontece.

Não me perguntem por que eu vivo nesse mundo, eu não saberia responder. Nem me acusem de ter criado um mundo de mentira. Eu não criei nada. Ele sempre esteve lá.

Talvez todos tenham um mundo de mentira dentro de suas cabeças. Talvez vivam parte do tempo nele, e talvez não saibam sequer dizer se estão no mundo de mentira ou no de verdade – se é que há algum que seja de mentira e algum que seja de verdade. Pelo menos eu sei a diferença – na maioria das vezes.

No fundo, no fundo, talvez tudo o que vemos, todos os que conhecemos, tudo o que amamos existam somente no interior de nossas cabeças. Será que meu amigo é meu amigo mesmo, ou será que ele é uma idéia inventada? Quem poderá dizer.

Pensando bem, talvez não seja tão ruim assim viver em um mundo que só existe dentro da nossa cabeça.

De qualquer jeito, quando eu consigo encontrar o caminho, eu saio de dentro da minha cabeça e passo algum tempo no mundo de vocês. Às vezes isso é bom, às vezes não.

terça-feira, junho 28, 2005

Ela - Oi.
Ele - ...
Ela - OOOOOOI...
Ele - Ah... Oi.
Ela - Tudo bem?
Ele - Tá, tudo bem.
Ela - ...
Ele - ...
Ela - Não vai perguntar se tá tudo bem comigo?
Ele - Ah, é... Precisa né... Tudo bem com vc?
Ela - Tudo!
Ele - ...
Ela - ...
Ele - Pô... A gente precisa mesmo passar por isso tudo?
Ela - Isso tudo o que?
Ele - Isso. A gente tá aqui no bar a noite inteira... Se olhando, vc quase me comendo com os olhos...
Ela - Ô... Que quase comendo... Tá pensando que eu sou o que? Ou melhor... Tá pensando que vc é o que?
Ele - A, qualé... Para com isso. Não precisa ficar fazendo pose de santinha... E nem querer insinuar que eu me acho o gostosão... Sabemos muito bem que nenhum dos dois é nada disso. Além do mais, qual é o problema de comer alguem com os olhos - pra não dizer de outras formas - Eu também tava quase te comendo... com os olhos...
Ela - ... - vai virando como quem quer sair de perto.
Ele - Para com isso. Besteira sua ficar assim. Eu sou estava tentando dizer que a gente podia pular essa parte... esse papo besta que não vai levar a lugar nenhum...
Ela - O que vc espera então? Que eu pule no teu pescoço e saia te arrastando daqui direto pra um motel?
Ele - Não... eu moro sozinho, pode ser lá em casa... - Ele espera a reação, que parece não ser das melhores, e emenda - Brincadeira.. Não resisti à piada. Mas, pensa bem, não seria mais fácil se a gente não precisasse inventar toda uma fantasia pra poder, no final, trepar?
Ela - Como assim?
Ele - Como assim o que? Vai dizer que nunca pensou nisso? Olha só: Estamos em um bar, sozinhos, vc me deu tesão, acho que vc tb ficou com tesão... Então por que não resolvemos logo isso? Talvez até depois possamos, realmente, nos conhecer melhor... Por que, então, a gente tem que fingir que precisa se conhecer melhor antes de trepar? Não fica tudo muito mais fácil se a gente queimar essa etapa?
Ela - ...
Ele - Então... Vamos logo sair daqui?
Ela - Qualé? Já te disse que não sou dessas... vai se fuder...
Ele - Na verdade, eu preferia te fuder, mas, já que tá difícil, valeu, té mais...

Ela vira as costas, sai, e volta para o grupo das amigas, bem puta da vida.

Ele encosta na parede, com o ar cansado, e suspira.

- E aí? - pergunta o amigo que se aproxima - Não rolou?
- Não... muito complicada essa garota. Só falta querer o meu boletim escolar e a caderneta de vacinação pra trepar comigo... Ah, não fode...

Ele pede mais um uisque, e, pesando os prós e os contras, conclui que não foi de todo o mal ter tomado um fora. Pensa : Ah, ia ter que ficar inventando papo, falando de micaretas e coisas assim, depois da trepada ela ia querer um abraço, meu telefone, que eu ligasse no dia seguinte... Talvez depois da terceira ela até achasse que tava me namorando... daí pra querer casar comigo ia ser um pulo. Melhor assim.
Ele termina o uisque, e vai para casa jogar Counter Strike.

Vamos celebrar todas as partes de nós que ficaram pela estrada.
Derramemos uma lágrima por tudo o que se destruiu,
Mas sem desfazer o sorriso que surgiu ao se ver que algo tomou o seu lugar.
Não teremos a alegria que um dia imaginamos,
Mas teremos outras, que não ousávamos sonhar.
A tristeza da qual fugimos nos atingiu,
Mas ao contrário do que pensávamos, não nos destruiu.
Mesmo o desespero, que vivemos em dias frios, em noites sombrias,
Não foi maior do que o medo que tínhamos de nos desesperar.
Deixemos as ilusões, os planos, os medos.
Devemos viver, aos poucos, da forma como muitos afirmam viver,
E poucos, na verdade, tem coragem de tentar.

Eu fiquei muito tempo em um buraco.
Me escondendo da dor, me escondendo de mim,
Me torturando em fantasias, em loucuras permitidas,
Destilando minha própria heroína, me afogando no veneno de minhas veias.

Mas chega, não mais serei uma imagem, uma fantasia,
Não mais me disfarçarei em sombras,
Serei não mais um personagem,
mas sim eu mesmo...
O que quer que isso seja.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Parece que hoje acordo de um pesadelo.
As cores que pareciam desbotadas finalmente ressurgem ante meus olhos.
Triste estou, e creio que assim ficarei por um bom tempo ainda.
Mas é uma tristeza viva. Melhor do que a apatia que me dominou pela maior parte da minha vida.
Chego a sentir raiva.... ódio, melhor dizendo. Mas este também é um ódio vivo.
Tudo isto pulsa em meu peito. Meu coração como carne cortada, estraçalhado, mas não além de qualquer retorno. Percebo isto quando o sinto bater. Dói em cada batida, mas mesmo esta dor é reconfortante, pois há muito que nada sentia qualquer vida ali.
Um ferimento cicatriza. Mais cedo ou mais tarde isto acontece.
Para mim, que temia sofrer uma necrose na alma, isto é o suficiente.
Eu sobrevivo, e sobreviverei. Já andei por tempo demais por entre os mortos, é hora de solidificar meu espírito, de virar carne.
Da minha dor eu tiro forças.
Quero me livrar do ódio, pois este corrói, é o oposto da dor, e não do amor que um dia senti.
Com os dias, esta dor irá desaparecer. A raiva vai sumir. E virá a indiferença.
Assim é a vida. Eu já devia saber. Mas demorei demais a começar a viver. E assim, demorei demais a aprender a me recuperar.
De tudo o que vivo e vivi, move-me a sensação de que não me tornarei um cínico.
Prosseguirei acreditanto, vivendo. Esta será a minha salvação, e também a minha vingança. Embora eu creia que, ao alcança-la estarei além de tal tipo de sentimento.
Enquanto os outros prosseguirão semimortos, este meu purgatório me garantirá a vida. Minha dor não será desperdiçada, este é o voto que eu faço.
Amém.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Noite, tão grande noite.
Do tamanho de minha alma,
Noite que me engolfa e me sufoca
Noite eterna, intangível noite.

Queria, como Whitman, poder cantar o dia, a luz, a alegria
Mas como falar do que não conheço?
Sigo, assim, imerso em treva
Em vez de música, um lamento
Um choro de carpideira acostumada à morte.
Um nada no fundo de um copo

Vingo-me nos cigarros,
Vendo-os, um a um, consumirem-se
Enquanto consumo a mim mesmo
Meus sonhos desfazem-se na fumaça
De mais um que apago
Apagando, assim, a minha vida
Até que nem mesmo memória de mim reste nesse mundo

No brilho fugaz de olhos noturnos busco consolo
Ao menos um momento de gozo, mais uma fuga
Comprando com mentiras amores vazios
Suores, tremores, orgasmos quase arrancados

Desisto destas pequenas ilusões
Tranco a porta de meu quarto
Sem perceber – ou percebendo – que tranco a minha própria alma
Prisioneira de cadeias por mim forjadas
Extinguindo-se qual uma chama não alimentada


Quem seria eu? Pergunto-me sinceramente?
Seriam meus medos maiores do que minha capacidade de lutar?
O medo de perder faz com que eu abandone o jogo antes mesmo do início?
Qual um náufrago procuro uma tábua que me suporte e permita-me viver um pouco mais...
Mas os destroços não oferecem abrigo
A tábua não é suficiente, afunda sob o peso de minha culpa

Quem eu poderia ter sido?
Poderei ainda abrir a porta de meu quarto?
Temo não ter amigos a chamar para a ceia.
Em

No meio do furacão de minhas paixões carnais encontrei-me, sem perceber com o etéreo da vida, com o que há de maior, com o que nos faz mais do que simples homens, ou, melhor dizendo, no que nos transforma em verdadeiros homens.
E, como fantasma de homem que sou, curvei-me e encolhi-me em terror, sem saber o que fazer com tal coisa.
Afastei-me, com o terror em meus olhos, odiei o que não entendi, cuspi na face do amor, fugi para, novamente, encerrar-me em meu casulo, de volta às paixões das quais sou escravo, de volta ao escuro dos meus dias e ao silêncio de minhas noites, de volta ao nada onde habito desde que posso me lembrar.

segunda-feira, janeiro 31, 2005

Eu fui ao fundo da minha dor.
Chafurdei, feliz, como um porco na lama do meu desespero.
Morri mil mortes, uma a cada dia, uma a cada segundo.
Condenei-me, prendi-me, sem apelação.
Eu me odiei vezes sem conta.
Me culpei pelo que fiz e pelo que não fiz.
Eu embolei minha alma, joguei-a no lixo.
Destrocei meu coração em raiva contida,
Em gritos presos,
Em murros não dados...
Eu fui a explosão surda,
Fui o vazio de mim mesmo.
Eu fui o nada.
Andei por tempo demais pela sombra.
Tanto que esqueci como é a luz.
Mas chega o tempo de acordar.
Como tudo na vida tem seu tempo,
Eu vejo meu tempo agora.
Que eu seja mais fiel a mim mesmo.
Que eu seja mais puro.
Eu, neste momento, renego toda a forma de perversão.
De agora em diante buscarei em mim mesmo meu sustento.
Eu sou maior do que eu pensava,
Melhor do que me julgavam,
Mais forte do que mesmo eu ousava imaginar.
Eu agora estou vivo.